Felipe Evaristo, também conhecido como Poso, pontenovense de 33 anos, é um dos guitarristas mais requisitados por artistas e bandas na cidade, dividindo-se atualmente entre estudos diários, ensaios e participações em lives. Ademar Figueiredo, da coluna Arte & Cultura, desta FOLHA, o entrevistou para a nossa edição impressa:
Ademar – Como a música entrou em sua vida?
Felipe – Desde a infância, na minha família, através dos meus pais, José Henrique Evaristo dos Reis e Rosângela, e dos meus irmãos Rodrigo e Ricardo, que não são músicos, mas consumiam muita música de todos os estilos. Já na adolescência, com os amigos que tocavam, surgiu o interesse de aprender a tocar violão. Lembro-me de ter pego escondido o violão do meu primo e levado para casa. Comecei a aprender sozinho, montava os acordes, mas não sabia o nome deles. Sendo assim, entrei em contato com o professor e eterno mestre Sandro Tolentino e daí para a frente não parei mais. Tive todo o apoio dos meus pais, e até hoje estamos na caminhada.
Ademar – Você é um dos guitarristas mais requisitados da cidade. De quais bandas você já participou e em quais delas já tocou como convidado?
Felipe – Tive o prazer e a alegria de participar com várias bandas. A primeira delas foi a Banda TurangoHG (punk/hardcore), formada no Hotel Glória. Depois, vieram Suvaco di Cobra (punk), Mazmorra (heavy metal) e DogJohnnes (grunge/rockpop). Em seguida, a Banda Primatas (pop rock), Alquimia (experimental), Lagarto de Gole( pop rock), Banda Jonny Alves (pop) e Rock du Bão(rock`n roll). Foram muitos shows com essas bandas. Fiz diversas participações com outros artistas e bandas, como a dupla Kristian & Francis(sertanejo), Joe (MPB), Cícero Moreno (MPB), Walison Rodrigues (pop rock).
Atualmente tenho trabalhado com mais frequência, seja como free lancer ou fixo com as bandas Silas &Thiago (sertanejo), Enigma (baile), Solera (pop rock), Projeto Globo de Ouro (rock/pop 80), Sacode a Poeira (sertanejo/forró) e
Banda Retrô (pagode).
Ademar – Em qual estilo musical você tem a melhor performance? Fale um pouco sobre isto.
Felipe – Como guitarrista, a preferência sempre é pelo rock`n roll, mas respeito todos os outros gêneros musicais. O rock tem um leque muito grande, com diversos estilos dentro dele. Eu particularmente sempre escutei e gostei muito de punk e hardcore, e minha primeira banda foi nesse estilo, nessa onda. Na adolescência, antes mesmo de aprender a tocar, fui a diversos festivais de música aqui em Ponte Nova, e o que eu mais adorava era o Attack, organizado por Davi Primavera, e o saudoso Vitão, que integravam a Banda Voto Nulo (banda punk que me influenciou bastante). Procuro ter a melhor performance em todos os estilos, me dedico muito, mas, sem dúvidas, fico mais solto tocando punk rock e hardcore.
Ademar – Faça um resumo de como está o cenário musical pontenovense. Os músicos são valorizados?
Felipe – Ponte Nova sempre foi muito rica na arte, na cultura. A música aqui sempre foi muito forte. Vejo o nosso cenário bem parecido com o de outras cidades, pois conheço vários músicos da região e da Capital. Hoje temos apoio do Poder Público e da grande maioria das empresas privadas. Vejo mais espaço para os músicos e acredito que somos valorizados em nossa profissão, mas pode, sim, melhorar, muita coisa pode mudar, mas acredito que já foi pior.
Ademar – Sendo um músico muito requisitado, como tem feito para ocupar o tempo durante a quarentena?
Felipe – Continuo tocando bastante, praticando e estudando em casa. As lives acabaram virando uma ferramenta de extrema importância para os músicos: eu diria a salvação (risos)! Tenho muitos amigos, que gostam e acreditam no meu trabalho, e já participei de diversas lives particulares e públicas, podendo voltar ao trabalho e matando a saudade dos palcos.
Ademar – Tenho acompanhado as lives, e a que você e o Felipe Salgado fizeram em 18/4 foi uma das que tiveram maior audiência, retorno nas doações tanto em dinheiro quanto em cestas básicas (para a FMJ) e comentários por parte dos internautas.
Felipe – Foi uma grata surpresa! O Felipe Salgado é um grande amigo, um irmão, tivemos a ideia de fazer a live, para a gente poder se encontrar, tocar um pouco e matar a saudade dos palcos. Somos companheiros nas bandas Enigma e Solera e então decidimos fazer uma live, algo descontraído, mas desde o início pensando em ajudar uma instituição. Não queríamos cachê para nós, queríamos brincar e ajudar: criamos um link, uma espécie de vaquinha on-line, e todo o dinheiro arrecadado seria doado. Convidamos nosso amigo Léo Castro (percussionista), criamos o cartaz e divulgamos. A live tomou uma proporção muito grande: decidimos então procurar patrocínio para realizar sorteios de brindes. Durante a live, rolou um desafio, uma brincadeira criada por quem estava acompanhando: o desafio era quem doava mais cestas básicas e foi um sucesso (risos), graças a Deus. Ficamos muito felizes, fazendo o que a gente amava e ajudando quem mais precisava. Não posso esquecer a ajuda fundamental, nos bastidores, da minha noiva, Ada Guimarães, e da Camila, esposa do Felipe Salgado.
Ademar – Como você está se preparando para quando tudo isto (quarentena) passar?
Felipe – Como eu disse, continuo tocando todos os dias em casa, estudando, praticando os repertórios das bandas de que faço parte. Estou me preparando para quando ouvir o sinal positivo de retorno aos palcos, com público, com aglomeração, o retorno normal das atividades. Eu sei que vou estar pronto para continuar de onde parei e melhor.
Ademar – Planos para o futuro?
Felipe – Sim, muitos. Além do trabalho nos palcos, pretendo estudar produção musical, montar um “Home Studio”, a princípio para gravar minhas composições, e mais para frente – quem sabe – fazer parcerias com os diversos produtores musicais talentosos que temos em Ponte Nova.
Nota do colunista – "Não é por nada não, mas acho que há casamento nestes planos também!"